Consequências filosóficas e morais do Espiritismo
Os fatos espíritas estão cheios de consequências filosóficas e morais. Trazem a solução, tão clara quanto completa, dos maiores problemas que têm perturbado, através dos séculos, os sábios e pensadores de todos os países: o problema da nossa natureza íntima, tão misteriosa, tão pouco conhecida e o problema dos nossos destinos. A sobrevivência e a imortalidade, até então, simples esperanças, puras intuições da alma, aspirações a um estado melhor ou conceito da razão, são de agora em diante, provadas, assim como a comunhão dos vivos e dos mortos, que é a consequência lógica disso. A dúvida não é mais possível. O homem é imortal. A morte é apenas uma mudança de estado.
O homem é imortal. A morte é apenas uma mudança de estado.
Desse fato e do ensino dos espíritos, destaca-se, ainda, a certeza da pluralidade das nossas existências terrestres. A evolução do ser, através de suas vidas de renascimentos, edificando ele próprio seu futuro, construindo pelos seus atos cada dia, tanto no seio da vida inferior, quanto nas humanidades felizes, a identidade de origem e fins para todos, o aperfeiçoamento gradual, fruto dos trabalhos executados, das provas suportadas, tudo isso nos mostra os princípios eternos da justiça, de ordem, de progresso que reinam nos mundos, regulando o destino das almas, segundo leis sábias, profundas, universais.
O Espiritismo é, pois, ao mesmo tempo, uma filosofia moral e uma ciência positiva. Pode satisfazer, juntos, o coração e a razão. Manifesta-se no mundo, na hora precisa, em que as concepções religiosas do passado oscilam nas suas bases, quando a Humanidade, tendo perdido a fé ingênua dos velhos tempos, corroída pelo ceticismo, erra no vazio e procura, tateando seu caminho. O advento do Espiritismo é, não se enganem, um dos maiores acontecimentos da História do mundo.
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Há dezenove séculos, sobre as ruínas do paganismo agonizante, no seio de uma sociedade corrompida, o Cristianismo, pela voz dos mais humildes e mais desprezados, trazia, com moral e fé novas, a revelação de dois princípios, até então, ignorados pelas multidões: a caridade e a fraternidade humana. Da mesma forma, hoje, em face das doutrinas enfraquecidas, petrificadas pelo interesse material, impotentes para esclarecer o espírito humano, uma filosofia racional se ergue, trazendo em si o gérmen de uma transformação social, um meio de regenerar a Humanidade, desembaraçando-a dos elementos de decomposição que a esterilizam e a enlameiam.
Vem oferecer uma base sólida à fé, uma sanção à moral, um estimulante à virtude. Faz do progresso o próprio objetivo da vida e a lei superior do Universo. Põe um fim ao reinado da graça, do arbítrio e da superstição, mostrando na elevação dos seres, o resultado dos seus próprios esforços. Ensinando que uma igualdade absoluta e uma solidariedade estreita ligam os homens, através de suas vidas coletivas, dá um golpe vigoroso no orgulho e no egoísmo, esses dois monstros que nada, até então, tinham podido dominar ou reduzir.
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