O mundo espiritual também é aqui

Normalmente costuma-se dizer assim: “Lá no mundo espiritual…” Mas afinal, onde fica o mundo espiritual? Lá ou aqui?

Será que os espíritos estão num lugar muito distante de nós? Ou será que eles podem estar por aqui, bem pertinho, do nosso lado mesmo?

Perguntas dessa natureza confundem a cabeça de muitos, inclusive a dos espíritas. E é nesse momento que recorremos a Kardec para aclarar a nossa visão sobre este assunto.

Os espíritos ocupam uma região determinada e circunscrita no Espaço?

“Os espíritos estão por toda a parte; povoam os espaços sem-fim, até o infinito. Estão, constantemente, ao vosso lado, vos observam e atuam sobre vós, sem que o percebais, pois os espíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se serve para o cumprimento de seus desígnios providenciais. Porém, nem todos vão a toda parte, porquanto há regiões interditadas aos menos adiantados.” 

A ideia que se faz acerca da imortalidade, ou seja, sobre o mundo e a vida espiritual ainda é um tanto quanto confusa para muitos. Enquanto uns afirmam que após a morte do corpo iremos para um lugar distante, outros dizem que ficaremos por aqui mesmo na continuidade daquilo que estamos acostumados a realizar. Para entendermos melhor essas questões, partimos inicialmente da definição de espaço.

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Segundo a Ciência, espaço é uma estrutura ilimitada ou infinitamente grande que contém os seres e coisas e onde ocorrem todos os eventos, sejam eles observáveis ou não.

O espaço está contido no Universo. Kardec nos diz que O Universo compreende a infinidade dos mundos que vemos e dos que não vemos todos os seres animados e inanimados, todos os astros que se movem no Espaço, assim como os fluidos que o preenchem

Nós que estamos vinculados ao corpo carnal visualizamos o Universo tridimensional com limitações. Entretanto, o espaço universal referido pelo Codificador e constatado pela Física (espaço-tempo) é infinito, ilimitado.

Se há de fato uma correlação incessante entre os seres e as coisas visíveis e invisíveis, logo podemos entender que o mundo e a vida espiritual também podem se fazer presentes por entre nós.

No que tange aos espíritos terem a condição de ir e povoar toda a parte, isto é relativo, visto que há uma relatividade em meio a essas situações. Estados vibratórios diferenciados da matéria fazem com que, eles e nós, nos sintamos mais ou menos próximos ou distantes de acordo com o pensamento, a vontade e a evolução moral de cada um.

Envolvidos nessa atmosfera fluídica, podemos ou não percebê-los ao nosso lado. Muitas das vezes eles se fazem presentes por aqui, embora possam também estar lá. Confuso? Não! Lá e aqui são dois instantes ou duas fases de uma mesma e única realidade: a vida imortal.

Através da capacidade de irradiação do pensamento, os espíritos se deslocam e vêm estar conosco, mesmo que suas habitações estejam posicionadas em locais distantes ao nosso. Pois que há espaços ou regiões espirituais mais ou menos acessíveis. Isso pode ser variável em determinadas circunstâncias, mas sempre de acordo com os critérios estabelecidos pelas leis de Deus.

Espíritos ainda imperfeitos ficam limitados aos espaços vibratórios etéreos e materiais condizentes com o seu padrão evolutivo. Muito embora, há casos em que, ainda numa condição de inferioridade, eles venham a ser conduzidos por espíritos de categoria elevada para regiões onde, de modo próprio, eles não teriam condições de transitar. É a misericórdia do Pai se fazendo presente através desses instrumentos a fim de que possamos cumprir com os desígnios providenciais.

Na condição de encarnados, pelo do estado de emancipação da alma, podemos também ser conduzidos por outros espíritos a regiões diversas. Mas isso é assunto para um outro estudo.

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Já pensou em estar próximo do Cristo tendo a oportunidade de retemperar-se para o enfrentamento das lutas decorrentes da vida de encarnados?

No Evangelho de Lucas há uma passagem onde os fariseus interrogam a Jesus sobre quando havia de vir o reino de Deus, e o Mestre sabiamente lhes responde que este reino não viria com aparência exterior e não adiantaria procurá-lo por aqui ou por ali, porque o reino de Deus está dentro de nós.

Será que existe alguma outra explicação melhor do que a de Jesus sobre a imortalidade da alma e as condições de acessibilidade às regiões da vida e do mundo espiritual?

Portanto, se alguém vier nos perguntar como deve ser a vida do lado de lá, seguramente poderemos responder que nós já estamos nela.

A Doutrina Espírita nos elucida que não precisamos “morrer” para adentrarmos a vida espiritual porque o mundo espiritual, embora não o percebamos, também se encontra por aqui. A diferença é que além do corpo fluídico, nós por aqui carregamos um corpo denso, material, palpável. E como do lado de lá esse corpo não se faz mais necessário, continuamos a existir carregando conosco o nosso corpo fluídico, perispiritual.

E pouco importa se estamos mais ou menos adiantados rumo à perfeição. Já que sabemos que dependerá de nosso próprio esforço individual fazermos parte, agora mesmo, do reino de Deus anunciado por Jesus e explicado por Kardec.

 

Texto de Carlos Cunha, retirado da Revista de Estudos Espíritas do CELD (Centro Espírita Léon Denis) Edição de Maio de 2012.

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