O objetivo da vida

 O objetivo da vida! Por esses dados, a claridade se faz em nós e em torno de nós; nossa estrada se determina: sabemos o que somos e para onde vamos.

Desde então, não se trata mais de procurar satisfações materiais, mas de trabalhar com ardor pelo nosso adiantamento. O alvo supremo é a perfeição; o caminho, que a ele conduz, é o progresso; ele é longo e se percorre passo a passo. O objetivo, distante, parece recuar à medida que se avança, mas, a cada etapa vencida, o ser recolhe o fruto de seus trabalhos; enriquece sua experiência e desenvolve suas faculdades.

Nossos destinos são idênticos. Não há privilegiados nem malditos. Todos percorrem o mesmo caminho e, através de mil obstáculos, são chamados a realizar os mesmos fins. Somos livres, é verdade, para acelerar ou diminuir nossa marcha, para nos mergulhar nos gozos grosseiros, para nos retardar durante vidas inteiras no vício ou na ociosidade, mas cedo ou tarde o sentimento do dever se revela, a dor vem sacudir nossa apatia, e retomamos, forçosamente, nossa jornada.

Entre as almas só há diferenças de graus, diferenças que lhes é permitido transpor no futuro. Usando nosso livre-arbítrio, não caminhamos com o mesmo passo, e isso explica a desigualdade intelectual e moral dos homens; mas todos, filhos do mesmo Pai, devemos nos reaproximar dele na sucessão das nossas existências, para formar com nossos semelhantes uma só família, a grande família dos espíritos, que povoa todo o Universo.

 

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A alma imortal

Não há mais lugar nesse mundo para as ideias de paraíso e de inferno eterno. Vemos na imensidade apenas seres que perseguem sua própria educação e que se elevam pelos seus esforços no seio da harmonia universal. Cada um deles cria sua situação pelos seus atos, cujas consequências recaem sobre si mesmo, ligam-no e o prendem. Quando sua vida está entregue às paixões e fica estéril para o bem, o ser se avilta; sua situação se apequena. Para lavar suas manchas, deverá reencarnar em mundos de provas e, ali, purificar-se pelo sofrimento. Cumprida essa purificação, recomeça sua evolução. Não há provações eternas, mas uma reparação proporcional às faltas cometidas é necessária.

Não temos outro juiz nem outro carrasco que não seja nossa consciência. Mas esta, assim que se desprende das sombras materiais, torna-se imperiosa e obsessora. Na ordem moral, como na ordem física, só há causas e efeitos, que são regidos por uma lei soberana, imutável, infalível. O que, em nossa ignorância, chamamos injustiça da sorte é somente a reparação do passado. O destino humano é o pagamento da dívida contraída para conosco e para com a lei.

A vida atual é, então, a consequência direta, inevitável de nossas vidas passadas, como nossa vida futura será a resultante de nossas ações presentes. Vindo animar um corpo novo, a alma traz com ela, a cada renascimento, a bagagem de suas qualidades e de seus defeitos, todos os bens e os males acumulados pela obra do passado. Assim, na sequência das nossas vidas, construímos com nossas próprias mãos nosso ser moral, edificamos nosso futuro, preparamos o meio onde devemos renascer, o lugar que devemos ocupar.

 

 

Com a lei da reencarnação, a soberana justiça reina sobre os mundos. Cada ser, tendo chegado a se possuir na sua razão e na sua consciência, torna-se o artesão de seus destinos e forja ou quebra, à vontade, as cadeias que o prendem à matéria. As situações dolorosas que certos homens suportam se explicam pela ação dessa lei. Toda vida culpada deve ser resgatada. Uma hora virá em que as almas orgulhosas renascerão em condições humildes e servis, em que o ocioso deverá aceitar penosos trabalhos. Em que aquele que fez sofrer, sofrerá a seu turno.

Todavia, a alma não está presa para sempre nessa Terra obscura. Depois de haver adquirido as qualidades necessárias, ela a deixa e parte para mundos mais esclarecidos. Percorre o campo semeado dos Espaços de esferas e de sóis. Um lugar ser-lhe-á dado no seio das humanidades que os povoam. Progredindo ainda nesses novos meios, aumentará continuamente sua riqueza moral e seu saber. Após um número incalculável de mortes e renascimentos, de quedas e de ascensões, liberta das reencarnações, gozará da vida celeste, da qual participará no governo dos seres e das coisas, contribuindo pelas suas obras com a harmonia universal e com a execução do plano divino.

Assim é o mistério de Psyché, a alma humana. A alma traz, gravada em si mesma, a lei dos seus destinos. Aprender a soletrar os preceitos, a decifrar esse enigma, eis a verdadeira ciência da vida. Cada centelha arrancada do foco divino, cada conquista sobre si mesma, sobre suas paixões, sobre seus instintos egoístas, proporciona-lhe uma alegria íntima, tanto mais viva quanto mais lhe tenha custado essa conquista. E, aí, está o céu prometido aos nossos esforços. Esse céu não está longe de nós: ele está em nós. Felicidades ou remorsos, o homem traz, no mais profundo do seu ser, sua grandeza ou sua miséria, consequência de seus atos. As vozes, melodiosas ou severas, que dele se elevam, são as intérpretes fiéis da grande lei, tanto mais potentes quanto mais alto ele tenha subido na escala do aperfeiçoamento.

 

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A alma é um mundo, um mundo onde se misturam ainda as sombras e as claridades e cujo estudo atento nos faz caminhar de surpresa em surpresa. Nos seus recônditos, todas as potências estão em gérmen, esperando a hora da fecundação para desabrochar em feixes de luz. À medida que se purifica, suas percepções aumentam. Tudo o que nos encanta, no seu estado presente, os dons do talento, os fulgores do gênio, tudo isso é pouco, comparado ao que um dia adquirirá, quando tiver chegado às supremas altitudes. Ela já possui imensos recursos ocultos, sentidos íntimos, variados e sutis, fontes de vivas impressões, os quais nosso invólucro grosseiro entrava, quase sempre, o exercício.

Apenas algumas almas de elite, desligadas por antecipação das coisas terrestres, depuradas pelo sacrifício, sentiram as primícias nesse mundo. Todavia, não encontraram absolutamente, expressões para descrever as sensações que as embriagaram. E, na sua ignorância da verdadeira natureza da alma e dos tesouros que ela contém, os homens riram daquilo que chamaram de ilusões e quimeras.

 

O objetivo da sua vida na Terra não constitui a autoridade, a beleza ou o conforto efêmero. É o aperfeiçoamento espiritual. (André Luiz/Chico Xavier)

 

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