Caminhando para o Mundo de Regeneração

Para muitas pessoas, o discurso espírita de transformação do planeta, que está em processo de transformação de mundo de expiações e provas para mundo de regeneração, é um discurso difícil de compreender diante de uma humanidade que ainda está às voltas com muitas guerras, misérias, injustiças sociais e outros males que diariamente ocupam as manchetes e conteúdos das mídias de comunicação. Entretanto, é preciso compreender que a velocidade da comunicação, num mundo globalizado, muitas vezes falseia a visão que temos do mundo, levando-­se em conta que os valores dos homens de comunicação, ainda são valores materialistas, onde a preocupação com índices de audiência e faturamento publicitário prevalecem.

Nas últimas décadas do século XX surgiram, com muita força, movimentos sociais nunca antes vistos no planeta, movimentos esses buscando a ética, a cidadania, a humanização, a preservação do meio ambiente, etc. Sinais claros de que a tolerância e a impunidade do mal estão com seus dias contados, embora não se possa prever quando, exatamente, o bem prevalecerá sobre o mal, sinal característico do mundo de regeneração, mas é fato que estamos acelerando a caminhada desse processo.

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E a palavra-chave é exatamente esta: processo. Lento, mas gradual, progressivo, de acordo com os desígnios divinos, como informam os espíritos superiores na Codificação Espírita, ao dizerem que tudo se encadeia na Natureza, que nada dá saltos, que revoluções geológicas e revoluções sociais se conjugam, desencadeando mudanças sempre salutares, pois a lei é da evolução, progresso constante, facultado por outra lei, a da reencarnação, que vai, paulatinamente, fazendo com que espíritos de melhor índole compareçam na vida terrena, aptos a realizarem as mudanças necessárias, tanto do ponto de vista intelectual quanto, principalmente, do ponto de vista moral.

E os espíritas?

A contribuição espírita não se restringe ao conhecimento teórico. Vai além, pois o objetivo maior do Espiritismo é realizar a transformação moral da Humanidade, o que não se faz apenas com estudo, mas sim com ações determinantes para essa transformação. É por isso que Allan Kardec levantou a bandeira “Fora da caridade, não há salvação!”, mostrando aos espíritas que as ações de bondade e amor ao próximo são imprescindíveis para a regeneração humana, para a reparação de delitos cometidos contra a Lei Divina, em existências passadas e também nesta, pois onde o amor, a bondade, a fraternidade, a caridade existirem, não haverá lugar para o egoísmo, o orgulho, a hipocrisia, a maledicência.

O objetivo maior do Espiritismo é realizar a transformação moral da Humanidade, o que não se faz apenas com estudo, mas sim com ações determinantes para essa transformação.

Os centros espíritas são células dinâmicas, organismos vivos, do Espiritismo, propiciando o estudo e a vivência da Doutrina Espírita, para que homens e mulheres, crianças, jovens e adultos, renovados, possam interagir com o mundo de forma salutar, direcionando o livre-arbítrio para as coisas do espírito, para os valores que completam a alma, deixando em segundo plano as coisas da matéria, ou seja, serão pessoas, os espíritas, mais conscientes, exemplificando o bem e o amor, sabedores que a vida continua depois da morte, e que todos nós respondemos por aquilo que fazemos durante esta existência.

Não haverá fim do mundo?

Se tudo é processo, sob o olhar perfeito de Deus e o comando do Mestre Jesus, governador planetário, que é o espírito perfeito, puro, que nos orienta, não há razão para a crença no fim do mundo. Por que depois de tantos esforços em progredir, em conquistar, quando chegamos à conclusão que o bem e o amor devem prevalecer na sociedade humana, Deus haveria de estabelecer o fim do mundo em data marcada, sem que tivéssemos direito a escolher nosso destino? Que Deus seria esse?

Na verdade o fim do mundo, já anunciado tantas vezes e com sua data sempre prorrogada, só acontecerá, fisicamente falando, isso de acordo com os cientistas, daqui a 4 bilhões de anos, o que, convenhamos, é muito tempo.

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Mas, por que insistem determinadas crenças religiosas ou místicas em anunciar o fim do mundo como marco da transformação? É que para essas crenças, é mais fácil colocar o ônus da redenção do espírito nos ombros de Deus, numa transferência de responsabilidade, do que nos ombros do homem. Para o Espiritismo isso é muito claro: a cada um será dado segundo as suas obras. Cada espírito — eu, você, todos nós — é construtor de sua felicidade ou infelicidade, é sempre herdeiro de si mesmo, pois as reencarnações são interligadas.

Para o pensamento espírita, não é Deus que vai fazer um juízo final, somos nós que, mais cedo ou mais tarde, de acordo com nossas escolhas, vamos chegar ao estado de perfeição, ao estado de puro espírito.

E quando o processo estará finalizado?

É comum verificarmos a ânsia de companheiros e companheiras espíritas em querer datar o fim do mundo de expiações e provas, e o início do mundo de regeneração, mas essa ansiedade é contrária ao ensino espírita. Se é um processo, processo esse dependente do uso do livre-arbítrio, como podemos afirmar que a partir do ano tal ou qual o planeta Terra já será mundo de regeneração?

Mas o espírito tal, através do médium tal, disse que… Então não estudamos, em O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, que os espíritos verdadeiramente superiores nunca estabelecem dia e hora para as coisas acontecerem? Que respeitam sempre nosso livre-arbítrio? Que determinadas coisas lhe são ocultas, pois pertencem aos desígnios de Deus?

Ou então encontramos, inclusive em livros publicados, que, em determinada ocasião, estando em visita ao Chico Xavier, nosso querido médium e trabalhador da seara espírita, que este teria confidenciado informações de cunho espiritual, dizendo… E colocam palavras na boca de Chico Xavier, sem que existam testemunhas, nada, inclusive aproveitando-se do fato dele já estar desencarnado e não poder vir a público em defesa de si mesmo.

O único fato plausível é que estamos no processo de transformação, que, mais dia menos dia, estará finalizado, sendo sempre temerário indicar esta ou aquela data.

E o que é mesmo mundo de regeneração?

Na gradação evolutiva dos planetas, Allan Kardec assinala a existência progressiva de mundos primitivos, mundos de expiações e provas, mundos regeneradores, mundos felizes e mundos celestiais, conforme estudamos no capítulo 3 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, ampliando informações já existentes em O Livro dos Espíritos.

O mundo de expiações e provas, atual estágio do planeta Terra, é um mundo intermediário, onde há mistura do bem e do mal com prevalência deste último. Já o mundo de regeneração, para o qual estamos indo em processo gradual de evolução, é o mundo onde “as almas que ainda têm o que expiar, haurem novas forças, repousando das fadigas da luta”. E isso poderá ser feito porque, no mundo regenerador, o bem prevalecerá sobre o mal, que ainda existirá, mas em proporção menor e sem a mesma força que no mundo de expiações e provas.

Conclusão

Passar para mundo de regeneração não é en­contrar a felicidade absoluta, não é a redenção total da Humanidade, embora represente grande conquista para o espírito reencarnante.

Estudemos Kardec

Conclamamos a todos os espíritas e interessados no assunto que releiam o capítulo final do livro A Gênese, com o título “Sinais dos Tempos”, onde Kardec empreende profundo estudo sobre o processo de transformação da Humanidade, demonstrando, com lógica e bom senso, que a lei de evolução é Lei Divina, obediente a um processo que conjuga forças espirituais, materiais e morais, e que o tempo é o instrumento eficaz de que se serve Deus para fazer com que seus filhos cheguem à perfeição.

Continuemos nossa caminhada implantando o bem e o amor onde estivermos, corrigindo nossas más tendências, confiantes de que nada acontece por acaso, e que, nesta ou em outra existência corporal, haveremos de colher os frutos abençoados de nossa própria regeneração. 

https://www.youtube.com/watch?v=fPg-ysJOQb4&t=163s

Por: Marcus na Revista de Estudos Espíritas.

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