Necessidade da Encarnação
Ao refletirmos sobre a necessidade da encarnação, nos vem à memória a história do desenvolvimento intelectual do homem desde o momento em que se teve notícia de que o espírito, ao intelectualizar a matéria, forneceu a ela subsídios para essa evolução intelectual. São inúmeras as forças que impelem o espírito, nos seus primórdios da inteligência, a estabelecerem o automatismo – imprescindível à sobrevivência e à comunicação dos órgãos corporais de modo a constituírem um organismo comandado por energias mentais oriundas do espírito encarnante. A conservação é uma Lei Divina (conheça mais sobre a Lei de conservação no Livros dos Espíritos de Allan Kardec) que impulsiona – pelo instinto – os seres a progredirem. Essa constante comunicação dos espíritos com o mundo material proporciona um exercício do trabalho, da inteligência, provendo os recursos para a sobrevivência do corpo físico. Com isso, os instintos direcionam a busca do aperfeiçoamento.
Entretanto, esse imperativo de convivência com a matéria densa e efêmera nos faz enxergar a vida material como a única e verdadeira vida. Iludimo-nos devido à falta de capacidade de compreensão da verdade. Com a evolução moral e intelectual, os espíritos passam a vislumbrar, de maneira menos obscura, a vida espiritual e, com o passar dos séculos, esses mesmos espíritos desenvolvem uma postura consciente de vivência espiritual, colaborando na cocriação universal.
Veja também:
No livro Missionários da Luz, do Espírito André Luiz, psicografada por Francisco Cândido Xavier, nos faz um relato de suas experiências no aprendizado dos mecanismos envolvidos no processo reencarnatório, demonstrando-nos a beleza e a complexidade dos projetos desenvolvidos por mentores espirituais especializados, que compreendem a anatomia, fisiologia, embriologia, e tantos outros campos da Ciência, cujas pesquisas colaboram na formação de uma vestimenta corpórea condizente com as necessidades morais de cada espírito reencarnante. Essas necessidades refletem-se nas provas e expiações características do mundo em que habitamos. Existe um planejamento formidável e uma orientação dos espíritos benfeitores na busca de uma vestimenta que diminua a probabilidade de esses espíritos falirem. Então, André Luiz ressalta-nos sua descoberta e perplexidade diante do fato de que há um trabalho elaborado e minucioso de construção do corpo orgânico que não é aleatório, respeitando, portanto, à Lei Divina. Conforme o grau de adiantamento do futuro reencarnante e de acordo com o serviço que lhe é designado no corpo carnal, é necessário estabelecer planos adequados.
O corpo é um instrumento divino que nos possibilita progredir incessantemente, através de várias encarnações. Cada qual representa um projeto de aperfeiçoamento focado em determinado transtorno moral, de modo que, com as sucessivas encarnações, o espírito possa desenvolver-se nos diversos campos do aprendizado. Até que, por meio da vontade, o espírito possa dominar a matéria e ela não tenha mais influência sobre a moral do espírito.
Na Revista Espírita de Allan Kardec, de fevereiro de 1864, um espírito protetor nos mostra que a reencarnação nos é necessária enquanto a matéria dominar o espírito. Ele nos fala com profundo entendimento que o espírito “havendo-se elevado acima de todas as sensações corporais, não mais tem nenhum desses desejos ou necessidades inerentes à corporeidade: é espírito e vive pelas sensações espirituais, que são infinitamente mais deliciosas do que as mais agradáveis sensações corporais”.
0 Comentários