Agir com Alteridade: Uma das Virtudes do Homem de Bem


Um planeta como a Terra, onde a grande maioria dos espíritos são imperfeitos, os conflitos são inevitáveis, pois eles nascem da percepção que cada um tem de si mesmo, dos outros e dos desafios que precisamos enfrentar para sobreviver e para nos desenvolvermos intelectual e moralmente. A proposta de Jesus “amar o próximo como a si mesmo”, não nos levará a eliminar os conflitos, mas encontrar uma maneira de superá-los. O cristão, principalmente o espírita, sabe que precisa aprender a amar o próximo, mas também sabe que essa não é uma tarefa fácil.


Jesus sempre apostou no diálogo para poder ajudar as pessoas a resolver seus problemas. Chegou a criar o culto cristão na casa de Pedro para melhor dialogar com as pessoas e, mesmo vendo a necessidade das pessoas que iam lhe pedir ajuda, sempre perguntou: “O que queres que eu faça?” Todos os especialistas da atualidade, das diferentes áreas que lidam com o comportamento humano, apostam no diálogo como instrumento fundamental para resolvermos de forma saudável nossos conflitos. Porém, muitos de nós afirmamos que nem sempre é fácil dialogar e muitas das vezes, depois de um diálogo, a situação se complica ainda mais. O que fazer para tornar nossos diálogos mais produtivos? Necessitamos de ALTERIDADE.

Alteridade é a “capacidade de apreender o outro na plenitude de sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença”.

Jesus estabelecia diálogos produtivos com aqueles que lhe procuravam: Ele primeiro procurava ouvir as pessoas, elas se sentiam respeitadas e acolhidas, tornando-se mais receptivas às suas palavras. Jesus sabia agir com alteridade. Se nossos diálogos não têm sido produtivos, talvez seja porque não saibamos ouvir os nossos interlocutores. Para poder agir com alteridade, o primeiro passo é aprender a ouvir o outro.

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Embora Deus nos tenha dotado de dois ouvidos e uma boca, somos mais hábeis em falar do que em ouvir. Falamos sobre qualquer coisa, damos nossa opinião mesmo quando não é pedida, mas só ouvimos o que nos interessa. E o nosso próximo sabe disso. Por isso, quando respondemos apenas por responder ou falamos sem ouvir atentamente o que o outro tem a dizer, nosso discurso reflete o desinteresse pelo interlocutor e ele não o valoriza.


Por que temos tantas dificuldades para ouvir? Segundo nos ensinam os espíritos em o Evangelho Segundo o Espíritismo, capítulos VII e XI, o orgulho e o egoísmo estão na base de todos os nossos vícios. E não saber ouvir é um vício que adquirimos e que precisamos superar. O egoísmo nos leva a acreditar que as soluções têm que beneficiar primeiramente a nós. Por orgulho, consideramos que nossas ideias são as melhores, porque temos maior idade, porque somos mais inteligentes, porque estudamos mais, porque temos mais tempo na tarefa, e assim vai… Portanto, para aprender a ouvir, precisamos vencer o egoísmo e o orgulho, pois eles nos impedem de “apreender o outro na plenitude de sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença”. Saber ouvir envolve humildade, paciência e amor.


O homem de bem, de acordo com o Evangelho Segundo o Espiritismo (cap XVII, item 3), consegue agir com alteridade, pois ele é “bom e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus”, “estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente para combatê-las” e “respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus”.


A alteridade é uma conquista que resulta de uma decisão consciente do espírito imortal, que busca o conhecimento e o autoconhecimento como instrumentos de aprimoramento de si próprio e do meio em que vive.

 

Texto de Gibson Bastos, retirado da Revista de Estudos Espíritas do CELD (Centro Espírita Léon Denis) Edição de Novembro de 2011.

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